Aqui há uns tempos dei com um cientologista que tinha uma teoria sobre as notícias dos blogs. As notícias sairiam nos jornais e depois propagar-se-iam aos blogs. O subtexto da teoria parecia ser também: os blogs limitam-se a ecoar o que vem nos jornais, por isso os jornais é que são importantes. E, naturalmente, o corolário seria os gajos importantes são os que escrevem nos jornais, grupo de que o dito cientologista fazia parte.
Na verdade, a comunicação entre blogs e jornais é difusa, mais até do que bidireccional. Dizem os cientologistas que o fluxo dos conteúdos ocorre predominantemente no sentido jornais-blogs. E só vêem o fluxo dos conteúdos. Ignoram que, para além do fluxo dos contéudos, existe um fluxo da forma.
Os jornais online, e não só(?), mudaram a sua linguagem. E é impossível não reconhecer aí a influência dos blogs. Veja-se por exemplo: “Para Angola, à Força”, de António Ribeiro Ferreira, no correio da manhã. Veja-se o expresso a arranjar desculpas esfarrapadas para nos mostrar umas gajas nuas. Veja-se, sobretudo, Aníbal, José e Manuela no país dos inimputáveis”, de João Miguel Tavares, um especialista em levar com processos do sócrates, no DN. Antigamente, nos jornais, era dr. para aqui, drª para acolá, uma merda. Os jornais não costumavam tratar os políticos pelo nome. E muito menos pelo primeiro. Isso eram coisas de blogs. Melhor, isso eram coisas à moda do chornal.
O chornal vai sempre à frente. Os leitores gostam e dizem-nos que somos os maiores. As leitoras acrescentam “adoramo-vos, façam-nos filhos, estamos aqui de pernas abertas”. Sentimos que gostam realmente de nós. Isto já é amor, muito.
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