Na volta para casa, já cansado, apanhei dois tipos que devia ter recusado trazer. Quase que andaram à batatada no banco de trás, enquanto se acusavam mutuamente de ter sido o outro a passar a informação ao Fernando Lima, que eu não sei quem é, mas parece ser um tipo da família dos limões.
Eu já tinha apanhado estes dois há um ano e meio atrás. Nesse dia, assim que entraram, disse um para ou outro: “Aqui estamos bem, que ninguém nos ouve”. Um deles era da Guarda, não percebi se era da Guarda cidade, ou se da GNR. Dizia ele: “O SIS vigia a PSP, a PSP vigia-nos a nós e nós vigiamos os outros.” E o segundo escutava.
Pelo que percebi, o primeiro estava a tentar contratar o segundo para um serviço de espionagem secreta. Mas achei estranho, porque o primeiro parecia que tinha os meios todos, estava dentro do sistema, pertencia às forças de segurança, e o segundo era um tipo que dava umas aulas e sabia umas coisas de segurança… Será que queriam entalá-lo?
Depois de muita conversa do primeiro, em que o segundo só escutava, o segundo disse: “Eu não quero problemas, não quero ser entalado. E para mim a segurança nacional começa no Presidente da República. E o que o Presidente decidir, eu faço.” E aí a conversa esfriou. Não disseram mais nada. Saíram na paragem seguinte… Será que queriam entalá-lo?
Bem… eu sou só o taxista… E já nem me lembro das caras dos tipos…
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