os infiltrados

Apanhei mais uma conversa no taxi. Os gajos falam à vontade porque pensam que eu sou surdo ou não percebo. Parvos do caralho. Vem tudo para aqui para o chornal.

1. Apanha uma foto com o gajo zangado, ou pelo menos com ar sério
2. É difícil. O gajo está-se sempre a rir. Está felicíssimo com os votos que acha que vai ter.
1. Então fazemos perguntas para o gajo ficar com ar sério.
2. E sempre que o gajo estiver a rir apontamos a câmara para outro lado, eh!eh!.
1. Que tal uma daquelas do presidente e das escutas? Que tal “acha que o presidente se devia demitir?”
2. Fixe. Essa é boa.
1. O gajo diz qualquer coisa e depois a gente põe no jornal uma coisa parecida mas merdosa.
2. E se o gajo não diz nada?
1. A gente fode-o na mesma. A gente faz um título a dizer que ele não exclui a hipótese de demissão do presidente.
2. Dá um ar extremista. É fixe.
1. Importante mesmo é que o discurso do gajo sobre a crise económica e o desemprego não chegue aos media.
2. E como é que a gente faz isso?
1. Pomos o gajo a falar e fazemos perguntas sobre muitas coisas e depois aproveitamos as repostas que não tiverem que ver com a crise e o desemprego.
2. E é com essas que enchemos as noticias.
1. Um ar extremista é o que a gente precisa dar ao gajo.
2. Já sei. Pomos uma data de gajos com bandeiras vermelhas à volta dele.
1. Boa ideia pá. Hoje estás em forma. Telefona lá para os infiltrados.


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