O Louçã vai ter votos de muita gente que nunca pensou votar nele. O Louçã anda nisto há montes de anos. Esteve preso ainda antes do 25 de Abril. Quando o Sócrates andaria a brincar aos teenagers e a Manuela a construir uma carreira qualquer. O Louçã é velho nestas andanças. Podre de velho. E nunca ninguém reparou nele.
Agora o Louçã está em alta. Algumas das ideias do Louçã começam a fazer sentido. A simpatia do cidadão pela GALP/Amorim/eduardoSantos anda pelas ruas da amargura. A simpatia do cidadão pelos bancos e pelas nacionalizações para safar os amigos do PSD/SLN/BPN anda pelas ruas da amargura.
Entretanto, o pessoal já percebeu que o Louçã é um economista a sério. E levam-no a sério quando ele diz que o preço dos combustíveis da GALP prejudica não só o consumidor como a competitividade nacional. E levam-no a sério quando ele diz que a roubalheira dos bancos prejudica gravemente as contas do estado. E levam-no a sério quando ele fala depreciativamente do trabalho do Banco de Portugal. O cidadão começa a desconfiar que o Louçã é um economista mais a sério do que aqueles que nos oferece o bloco central, o que cada vez parece menos difícil.
Descobri na net um episódio engraçado. Um dia, no parlamento, o Sócrates chateou-se com o Louçã e disse-lhe “não lhe reconheço a idade nem o currículo para…”. São da mesma idade. Quanto ao currículo académico do Sócrates, é aquele que se sabe. Pelo contrário, o Louçã tem um currículo académico excepcional, coisa que eu desconhecia [1][2][3][4]. Além disso, o Louçã esteve preso antes do 25 de Abril, currículo importante que o Sócrates não tem e que cada vez é mais raro entre as pessoas que nos governam.
A uma semana das eleições, a principal notícia da primeira página do expresso é: “o Louçã tem um PPR”. Uma cena um bocado biltre. É caso para dizer: “não conhecíamos ninguém que tivesse um PPR”. O mesmo expresso que gastou apenas um cantinho com a fantasticamente lucrativa compra e venda de acções do cavaco à SLN. Há gente incomodada com o Louçã em alta. O Louçã é o homem do ano.
P.S.: A Laura era aquela gaja em quem ninguém reparava, mal vestida, por pintar e cheia de cera nos ouvidos. Aí uns 5 anos depois encontrei-a em Lagos e estava podre de boa. Todos passámos por isto. Uma colega em quem ninguém reparava. E que um dia surgiu como uma gaja boa. Ou, pelo menos, suficientemente jeitosa para merecer a nossa atenção. Salvaguardadas as devidas proporções, é mais ou menos a história do Louçã.
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