as escutas

Antigamente as cuscovilheiras encostavam os ouvidos à parede. Quem escuta peidos ouve, assim diziam os velhos. O que é também uma maneira de dizer que aquilo que se escuta raramente é relevante. As cuscovilheiras cuscovilham porque gostam de cuscovilhar. E porque podem fazê-lo. As cuscovilheiras são mulheres controladoras. Como um primeiro-ministro que a gente conhece.

Os velhos sempre foram desconfiados. Quanto mais velho mais desconfiado. À medida que as capacidades mentais decaem a desconfiança aumenta. À medida que as pessoas sentem que deixam de compreender o mundo que as rodeia a desconfiança aumenta. A partir dos 70 anos desconfia-se de tudo. Como um presidente que a gente conhece.

As escutas não interessam ao eleitor. São uma forma de evitar falar dos temas sérios. Não se fala do BPN, não se fala dos bancos, não se fala da falta de competitividade do país, nem do desemprego, nem da insolvência do estado, nem das suas consequências, não se fala de nada, nem se fala da central nuclear.

O timing da divulgação das escutas é nojento. É um desrespeito pelo acto eleitoral. Não é aceitável ter um facto na manga durante meses e lançá-lo a público em cima das eleições. É profundamente desonesto. Assim não vamos a lado nenhum.

Road to nowhere
Young at heart


Publicado

em

por

Etiquetas:

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *