Portugal é o país da OCDE com maior taxa de abandono escolar. Os merdas todos vêm logo dizer que isso é um problema. Nós não. Nós somos pelo abandono escolar.
Como tudo na vida, há de mais e há de menos. Há escola a menos e há escola a mais. Nós achamos que há escola a mais. Escola a mais é tempo livre a menos. Aquilo de que há realmente falta é tempo livre. Para o usufruto e, também, para o crescimento. A vida não é a escola. Por muito que os professores pensem isso, e que no seu caso seja verdade. A vida é ela própria, em toda a sua riqueza e diversidade. O dia tem 24 horas. O ano tem 52 semanas. É o que há. E há escola a mais nesse tempo.
Como de costume, a OCDE compara o incomparável. Compara números de abandono escolar de diferentes países. Diferentes realidades. Aquela em que os pais desejam os filhos na escola porque ela lhes dá conhecimentos. Aquela em que os filhos estão na escola porque os pais não têm onde os deixar. Aquela em que os pais têm filhos na escola porque se não o fizerem ficam sujeitos a leis que os penalizam a ponto de poderem perder os filhos. Aquela em que os miúdos vão para a escola porque é o único sítio que lhes garante uma refeição. E outras.
O abandono escolar é um número. Só isso. Um número que vale pouco. Que nada diz sobre o valor do que perde quem abandona a escola. Um número que agrega os que saem porque querem e os que saem contra a sua vontade. Sem estabelecer distinção entre eles. Um número de merda, produzido por uma ciência de merda. Um número que agrega no mesmo saco os que não cumpriram uma instrução fundamental e aqueles que, num ou outro momento da sua vida, se fartaram de ouvir inutilidades.
P. S.: Somos campeões. Campeões do abandono escolar. Campeões de uma coisa que não sabemos muito bem o que é.
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