Existem problemas com os cadernos eleitorais. Provavelmente, problemas graves. Problemas que inviabilizam a sua utilização eleitoral num regime democrático. Os jornais foram inquirir os peritos. Gente de respeito. Esperava-se uma resposta cabal. Uma resposta simples e directa. E aceitável. Mas os peritos não deram essa resposta. Em vez disso, têm outras explicações.
Uma actualização dos cadernos eleitorais terá lá colocado indivíduos com menos de 18 anos. Certamente por bons motivos. Como sabemos, de bons motivos está o inferno cheio. Claro que a idade é verificável na assembleia de voto. Mas existe uma diferença entre verificável e verificada.
Imensamente mais grave, uma actualização dos cadernos eleitorais terá lá colocado todos os indivíduos que requisitaram o cartão de cidadão. Um simplex palerma. É que o cartão de cidadão é extensível aos residentes não habilitados a votar. Que são centenas de milhar! Mesmo sem contar com os menores de 18. Barraca, mais um choque tecnológico. Assim sendo, um número indeterminado de residentes não habilitados a votar está agora nos cadernos eleitorais. Em resumo, é impossível verificar na assembleia de voto se essas pessoas estão efectivamente habilitadas a votar.
O PSD denunciou que os cadernos eleitorais tinham mais de 600 pessoas com o mesmo nome, Maria Martins. Quase mil pessoas entre os 112 e os 135 anos. E exigiu a revisão dos cadernos eleitorais. Que, aparentemente, não valem um peido. O governo respondeu da pior maneira: “Isto sempre foi assim.” E o PSD que se cale, ou, dito de outra maneira, que “tenha prudência nas acusações” [1]. E o PSD calou-se.
O mau estado dos cadernos eleitorais é um menosprezo pela democracia. Em qualquer parte do mundo. Vindo de onde vem, não constitui surpresa. Perante cadernos eleitorais inaceitáveis, só nos resta adiar as eleições.
P.S.: Claro que isso não vai acontecer. O nosso Ahmadinejad tem poder absoluto. Não tem que se sujeitar a um Conselho dos Guardiões.
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