Já me tinham dito que o gajo era muito bom a contar histórias. É mesmo. Depois da gripe contou-nos a história do AVC.
O gajo sentia-se mal como a porra. Teve um AVC e foi para o hospital. Chegou lá e ligaram-no à máquina de fazer ping. A máquina mais cara que lá tinham. Estavam lá pelo menos 7 ou 8 médicos. Todos para ajudar. Às tantas começou a ver e a ouvir os gajos cada vez mais longe. Porra, isto está a acontecer comigo. Estava quase a ver o túnel. Não pode ser. Isto não pode acontecer comigo. Há uma gaja lá no sítio que ainda não comi. Decidiu-se a ficar. O túnel de luz teria que esperar.
Os médicos continuavam ali à volta. Já lá vinha um médico com aquela coisa de passar a ferro. Os outros olhavam. Havia ali especialistas de tudo. De repente fez-se luz. Filhos da puta, queriam os órgãos. Sentiu-se logo um bocado melhor. Endireitou-se e disse que já se sentia bem. A médica ainda insistiu. A gente mete-lhe um cateter aí pela veia só para verificar não sei o quê. Não, cateter não. Agora, não, talvez mais tarde.
Ligou para casa. Precisava de roupa. Os médicos já lhe tinham levado a roupa. Já não estava nos planos que ele saísse dali. Alguém lhe trouxe roupa. Fugiu à socapa. Está vivo e de boa saúde.
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