a quase morte

Já me tinham dito que o gajo era muito bom a contar histórias. É mesmo. Depois da gripe contou-nos a história do AVC.

O gajo sentia-se mal como a porra. Teve um AVC e foi para o hospital. Chegou lá e ligaram-no à máquina de fazer ping. A máquina mais cara que lá tinham. Estavam lá pelo menos 7 ou 8 médicos. Todos para ajudar. Às tantas começou a ver e a ouvir os gajos cada vez mais longe. Porra, isto está a acontecer comigo. Estava quase a ver o túnel. Não pode ser. Isto não pode acontecer comigo. Há uma gaja lá no sítio que ainda não comi. Decidiu-se a ficar. O túnel de luz teria que esperar.

Os médicos continuavam ali à volta. Já lá vinha um médico com aquela coisa de passar a ferro. Os outros olhavam. Havia ali especialistas de tudo. De repente fez-se luz. Filhos da puta, queriam os órgãos. Sentiu-se logo um bocado melhor. Endireitou-se e disse que já se sentia bem. A médica ainda insistiu. A gente mete-lhe um cateter aí pela veia só para verificar não sei o quê. Não, cateter não. Agora, não, talvez mais tarde.

Ligou para casa. Precisava de roupa. Os médicos já lhe tinham levado a roupa. Já não estava nos planos que ele saísse dali. Alguém lhe trouxe roupa. Fugiu à socapa. Está vivo e de boa saúde.


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Comentários

4 comentários a “a quase morte”

  1. Avatar de alex

    Se fosse hoje, vinham com uma injecção de Avastin!

  2. Avatar de escrotinador

    Queriam os órgãos porque os hospitais têm cotas de órgãos que têm que recuperar semanalmente.

    Mas a médica queria a pila e os tomates para fazer uma salada!

  3. Avatar de Mel Brooks
    Mel Brooks

    Isso parece uma história dos Monty Python. Esse artista não quer vender os direitos?

  4. Avatar de carnide
    carnide

    O que tive, ninguém sabe ao certo. Foi assustador e marcante, definitivamente. Deve ter sido um acidente cardio vascular e não um acidente vascular cerebral.
    Até hoje nunca mais voltou.
    (lagarto, lagarto, lagarto…)

    – – –
    Mas o melhor foi a forma como terminou:
    Ela entrou em Sta. Maria e disse:
    -Venho buscar o meu marido, que teve alta dos cuidados intensivos.
    -Minha senhora, ninguém tem alta dos cuidados intensivos.
    -É que vocês não o conhecem!
    E não é que tive mesmo alta?

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