Aqui há 15 dias a merkel disse ao trichet: já chega, não há mais gastos de dinheiro com o patrocínio da UE. Porque a alemanha não quer. E para mostrar o quanto estava decidida, a merkel ameaçou: “Isto não é para continuar. É para reverter!”. A alemanha não quer ir a reboque de outros, quer o controlo sobre a sua moeda. Quem quiser brincar sozinho brinca por sua conta. E risco. Quanto a trichet, já chega de brincar aos poderes independentes. O trichet ainda estrebuchou com a merkel. No momento.
Quinze dias depois, o trichet dá sinais públicos de obediência. Acaba de descobrir um novo discurso: os estados estão sobre-endividados. É já um discurso de acordo com a perspectiva alemã da crise. Agora o trichet diz que o dinheiro que já se gastou em “estímulos” é suficiente. Deve ser. Se não for também não faz mal. Não há mais.
Ao mesmo tempo, nos EUA e na UE, adopta-se um novo discurso sobre a crise: a crise já passou. Agora fala-se da crise no passado. Toda a gente que é gente combinou fazer assim. Se não se falar da crise, ou se se falar da crise no passado, ela desaparece. A esperança é que a gente vá de férias e no regresso tudo tenha magicamente desaparecido. Talvez resulte. Agora que as armas contra a crise falharam resta negar a sua existência. Em todos os media, perto de si.
P.S.: O chornal alerta o leitor. A crise continua aí. Estão a tentar enganá-lo. É tudo música de ir à cona. Uma cena pirosa. Nós já andamos nisto há muitos anos. Sabemos reconhecer música dessa quando a ouvimos.
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