Ingerências em Teerão

Tenho recebido comentários efusivos às minhas crónicas sobre as eleições no Irão.

Acho que este pessoal não está a ver bem as coisas. E acho que a causa são muitos filmes americanos de super-heróis. As coisas não se conseguem pela força, mas sim pela diplomacia e com concessões de parte a parte. A Europa em peso andou à porrada com os árabes, há mil anos atrás e nenhuma parte conseguiu levar a dela avante.

A URSS esteve no Afeganistão há 20 anos e perdeu. A NATO está no Afeganistão e vai perder. Os EUA estão no Iraque e estão a perder… Apesar do famoso discurso do Bush de 1 de Maio a anunciar vitória… Mas a gajos que perdem e dizem que ganham já nós nos habituámos (eleições, futebol, etc).

Temos um ditado em Portugal que diz: “Quem vai à guerra dá e leva”. A escolha entre ir à guerra ou negociar diplomaticamente depende, entre outras coisas (talvez mais importantes) de se estamos dispostos a levar nos cornos ou não. E eu não estou disposto a embarcar em aventuras de um qualquer norte-americano visionário, enfeitado com uma capa vermelha nas costas, que tem o discernimento distorcido pelas muitas revistas de super-heróis que leu na infância. E além disso (as tais coisas mais importantes), não acho que se deva andar à porrada com uns tipos só porque pensam de forma diferente de mim; só porque comem grão de bico mirrado em vez de bifes de vaca suculentos; só porque usam turbante em vez de boné operacional norte-americano; só porque se sentam à noite a contar histórias à volta da fogueira em vez de verem TV, jogarem PS ou irem para a discoteca beber copos; ou porque andam a pé em vez de andarem de carro.


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Comentários

5 comentários a “Ingerências em Teerão”

  1. Avatar de Paulo Coelho
    Paulo Coelho

    “As coisas não se conseguem pela força, mas sim pela diplomacia e com concessões de parte a parte”

    Chamberlain tambem cedeu e diplomaciou……

  2. Avatar de Boca Ge do Sado
    Boca Ge do Sado

    Se não fosse pelo emprego da força, os aliados não teriam ganho a Hitler.
    A força e a diplomacia são duas ferramentas para atingir o objectivo político.
    (Clausewitz)

    http://en.wikipedia.org/wiki/Carl_von_Clausewitz

  3. Avatar de Nuno Pereira
    Nuno Pereira

    Desde já, devo dizer que sou alérgico a «antiamericanismos» primários como o do Sr. Alex, ou a anti-seja-que-país-for; virtudes e defeitos TODOS os países os têm (e esta nossa querida terra…bem… enfim… que moral haverá para criticar outrem…?)
    E faço das minhas as palavras daqueles que fizeram referência à luta árdua contra o nazismo.
    Mas, sabe(?), hoje-em-dia assistimos a outro tipo de fascismo (religioso) perpetrado por simples bandidos, instalados no poder, movidos pela cegueira divina de um Deus que, já neste século, devia, e deve, ser seriamente posto em causa (haja liberdade para o fazer), depois de tantos séculos de sofrimento (lembram-se da Inquisição, ainda vigente em practicamente todo o mundo árabe?) Sem querer abrir os olhos à força a alguém, pois num regime e numa comunidade abertos todos têm direito à opinião (até os lunáticos pseudofascistas…!), é caso para perguntar ao Sr. Alex: ainda acredita no comunismo, depois da queda do muro, em 1-9-8-9??!! Só um cego lunático e teimoso o faria…. e já agora, por que não procurar das últimas notícias das manifestações em Teerão? A rapariga morta por bandidos legitimados pelo islamofascismo iraniano, havia, concerteza, de concordar consigo… Sr. … huh.. «Alex»…?

    Hum… Triste e Revoltante, isto tudo…

  4. Avatar de alex

    Claro, Bocage, mas Hitler começou e levou pela mesma medida. Aqui, há quem esteja a meter-se em assuntos que não lhes dizem respeito.

  5. Avatar de alex

    Nuno
    Não fui eu que a matei, nem sei quem a matou. A notícia que eu li também não falava de autores. É claro que há sempre alguém que gosta de lhes dar nomes.
    Eu não sou anti-nada. Nem sou comunista. O seu comentário acabou por cair num cliché ao querer classificar-me numa prateleira qualquer.
    Eu limito-me a pôr tudo em causa. Todos os dias.

    E não vejo absolutamente nenhum anti-americanismo nesta crónica. Diga-me, por favor, onde é que o encontrou. Só digo que gostam de resolver tudo à porrada; a negociação está posta de lado à partida. Todos nós conhecemos essa figura. É a figura do gajo grande da turma, do Gigante do Doraemon, uma besta com dois dedos de testa e que resolve tudo com um soco. Eu sou tudo menos essa besta. Mas há quem goste do modelo.

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