Tenho recebido comentários efusivos às minhas crónicas sobre as eleições no Irão.
Acho que este pessoal não está a ver bem as coisas. E acho que a causa são muitos filmes americanos de super-heróis. As coisas não se conseguem pela força, mas sim pela diplomacia e com concessões de parte a parte. A Europa em peso andou à porrada com os árabes, há mil anos atrás e nenhuma parte conseguiu levar a dela avante.
A URSS esteve no Afeganistão há 20 anos e perdeu. A NATO está no Afeganistão e vai perder. Os EUA estão no Iraque e estão a perder… Apesar do famoso discurso do Bush de 1 de Maio a anunciar vitória… Mas a gajos que perdem e dizem que ganham já nós nos habituámos (eleições, futebol, etc).
Temos um ditado em Portugal que diz: “Quem vai à guerra dá e leva”. A escolha entre ir à guerra ou negociar diplomaticamente depende, entre outras coisas (talvez mais importantes) de se estamos dispostos a levar nos cornos ou não. E eu não estou disposto a embarcar em aventuras de um qualquer norte-americano visionário, enfeitado com uma capa vermelha nas costas, que tem o discernimento distorcido pelas muitas revistas de super-heróis que leu na infância. E além disso (as tais coisas mais importantes), não acho que se deva andar à porrada com uns tipos só porque pensam de forma diferente de mim; só porque comem grão de bico mirrado em vez de bifes de vaca suculentos; só porque usam turbante em vez de boné operacional norte-americano; só porque se sentam à noite a contar histórias à volta da fogueira em vez de verem TV, jogarem PS ou irem para a discoteca beber copos; ou porque andam a pé em vez de andarem de carro.
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