Há muitos anos um gajo da judite disse-me que o principal crime não era o tráfico de droga, era o de colarinho branco. Aquilo cheirou-me um bocado a snobismo. Afinal de contas a droga incomoda bastante, até porque aparece ligada à criminalidade de rua, aquela que faz sentir mais insegurança aos portugueses. Os acontecimentos do último ano mostram, no entanto, que era verdade o que ele dizia. O volume de dinheiro associado ao crime de colarinho branco é infinitamente maior do que o associado ao tráfico de droga.
Um buraco financeiro de 500 milhões de contos é tratado como um mero acidente de percurso. Qualquer apreensão de droga que envolvesse um décimo desse dinheiro era candidata ao guiness. Se com 10 ou 20 milhões de contos há quem pense que os traficantes podem começar a pensar em comprar polícias, tribunais e influência política, imagine-se o que não é possível fazer com os lucros do colarinho branco. Nos países do narcotráfico os cartéis nomeiam os chefes da polícia. Nos países civilizados os bancos enviam ministros das finanças para os governos e funcionários para os órgãos de supervisão.
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