Existem poucas coisas mais desinteressantes para o cidadão comum. As eleições europeias concorrem com as autárquicas pelo título de piores eleições. As eleições europeias são verdadeiramente umas eleições de merda, um desperdício. Levar as eleições europeias a sério é difícil. O eleitor duvida da existência de uma relação, ainda que longínqua, entre o seu voto e o que quer que seja que farão na europa. Isso é porreiro na medida em que somos governados por uma elite europeia que assim escapa sistematicamente ao escrutínio de quaisquer eleições. Porreiro, pá.
Por um lado, as eleições informam-nos de que estamos sempre a caminho de uma construção europeia, cada vez mais próxima, cada vez mais próxima. Por outro lado, o sr. barroso tem uma legitimidade incompreensível para a maior parte dos europeus. E é menos popular do que o sr. putin ou qualquer outro eleito daquelas que a europa considera democracias menores.
Temos uma europa que se afirma orgulhosamente como a obra-prima da democracia. Mas é vista como sendo feita de comissões e instituições para as quais a nomeação é tudo menos transparente. E que escapam a qualquer forma de controlo. E que têm projectos que desconhecemos. E que produzem “recomendações” que sistematicamente surgem para ratificação obrigatória pelos governos. Governos que assim se libertam, com felicidade, do ónus da decisão e da representação da vontade dos seus governados.
Nesse sentido, as eleições europeias são, de facto, umas não-eleições à escala europeia. São, portanto, as não-eleições europeias. A 7 de Junho, não falte.
P.S.: No âmbito das não-eleições europeias o chornal vai apresentar uma nova rubrica: “a europa connosco”. O seu objectivo é dar a conhecer a europa e os seus dirigentes.
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