O governo continua a trabalhar à cadência do costume. A semana passada foram mais 100 milhões de contos do estado para o BANIF. Esta semana vão mais 60 milhões de contos do estado para o BPP. Para não ir à falência. Mesmo assim, partindo do pressuposto de que outros (?) bancos poriam lá mais umas massas valentes. As vantagens de não decretar falência são óbvias. Óbvias para o BPP, que por não estar falido pode continuar a receber dinheiro. Não óbvias para o estado e para o contribuinte. O estado que continua a distribuir dinheiro à cadência do costume.
Entretanto, num jornal económico, vem a notícia de que o BCP está a ser atacado por hedge funds. O conceito de atacado é uma coisa complicada. De certa forma também passa por alguém fazer-se de vítima, “tadinho, está a ser atacado”, quando a realidade é um bocado mais complexa e, certamente, muito menos desculpabilizante.
O estado colou o seu destino ao dos bancos. E, consequentemente, aos resultados de uma guerra contra hedge funds. Afinal de conas, foi com muito orgulho que o ministro mais lamentável da história de Portugal declarou: “o risco dos bancos é o risco do estado soberano”. Em devido tempo chamámos a atenção para a gravidade disso. A aposta no BCP é uma aposta volumosa. Como todas as apostas, são-no porque também se pode perder. Agora, se perderem, dizem que é porque foram atacados. Tadinhos.
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