Livralhada

Como normalmente acontece aos adictos entrei numa livraria com o fito de alimentar a lista de espera interminável de livros para leitura futura (só comparável às dos discos) e voltei a sentir a mesma sensação que se tem quando se bebe ou fuma (os que fumam) um produto manhoso.

Porra! Os livros parecem que têm todos a mesma merda de título. Ele é Segredo Daqui ou o Mistério Dali ou então o nefando Código duma Merda Qualquer. Enfim uma desilusão. É com ir à procura dum bom vinhito (Daqueles em que nem precisamos de empenhar a casa) e trazerem-nos um Morgado da Canita (“Ah! Este é muito bom!”). Uma m… desgraça!

E depois como se isso não bastasse, parece que a maior parte da sucata que aparece é escrita por gajos licenciados em escrita criativa, ou seja, para quem a diferença entre escrever um livro e fazer cortinados favorece a D. Emília que faz cortinados por encomenda. Às vezes até parece que aquilo é só ir à “casinha”, fazer uma forcinha e pimba caga-se um livro com 600 páginas ou uma trilogia (depende dos hábitos alimentares). Será que é só a outra que se auto-plagia?

Será a culpa dos tradutores? Entusiasmados que andam com o plágio descarado dos títulos? (Tipo Código DaVinci, Codigo do DaVinci em Cueiros, O mistério do Código da Estrada Sintra que o DaVinci percorreu quando fez exame de condução). Até a bodega das capas parecem ter saído todas do mesmo sítio (e se calhar…).  Será que existe por aí uma entidade reguladora que pretende fazer cumprir uma qualquer norma comunitária sobre escrita e apresentação de livros?

Enfim arrumado o esterco e os livros com intermináveis variantes sobre o mesmo título sobram poucas coisas, uns escritores americanos do século passado, os clássicos (da filosofia e outros) e as edições da Cavalo de Ferro escritos por gajos com nomes impossíveis, mas que também já teve melhores dias. Restam alguma coisas das Edições 70 e alguns livros para especialistas.

Bom, feitas as contas, lá me decidi por um livro dum tipo francês com prefácio desse perigoso born-again leftist que já presidiu ao partido (parlamentar) mais à direita da nossa aldeia.

Está na calha…