CDS (II): continuação

Credit default swap, CDS, é uma espécie de seguro de uma dívida por receber. Quanto mais incerto é o recebimento da dívida maior é o CDS. Ao olhar para uma tabela de CDS de países vê-se quais os países que estão aflitos com o pagamento da dívida. Quanto maior o CDS, maior a aflição. Quanto maior o CDS, maior a dúvida dos emprestadores, menos probabilidade de alguém emprestar massaroca. Existem várias lições importantes a retirar dos CDS.

Lição n.º 1: Os CDS dos países estão a degradar-se rapidamente. A situação da grécia há dois meses é hoje a situação da Inglaterra. Entretanto a situação da grécia piorou bastante. É assim que estão a evoluir os CDS.

Lição n.º 2: Apesar de a crise ser inicialmente americana, os EUA estão longe de ser o país mais à rasca.

Lição n.º 3: A dívida dos países já não inspira confiança no respectivo pagamento. Foi por isso que ninguém emprestou dinheiro ao estado espanhol, aqui mesmo ao lado. Foi por isso que destacámos a importância dessa notícia em devido tempo. Não sei se mais alguém o fez nos media nacionais.

Lição nº 4: Chegou-se ao estado em que a dívida de países respeitáveis é considerada mais incobrável do que a dívida a muitas das empresas que conhecemos, inclusive de bancos. O estado não pode ser garante das dívidas das empresas pelo simples motivo de não ter credibilidade, ou seja, de o seu risco de crédito ser de facto superior aos das empresas.

Lição n.º 5: É difícil manter debaixo da mesma moeda, o euro, estados com risco de incumprimento da dívida muito diferentes.

O problema do risco de incumprimento do pagamento da dívida dos países continua a agravar-se. A tabela seguinte dá uma ideia do que está a acontecer:

CDS Janeiro Dezembro
grécia 22 250
itália 20 178
inglaterra 9 120
eua 8 62
alemanha 7 52

O valor indicado acima, o tal CDS, tem um significado simples de compreender e exacto. É o que se tem que pagar por um seguro de cinco anos que cobre o risco de o país supracitado não pagar uma dívida de 10 000 dólares aos seus emprestadores. Repare-se como todos os CDS evoluem rapidamente no mesmo sentido. A crise move-se depressa. Já não se está a falar de crise bancária e apoio do estado. Já não se está a falar de crise económica e apoio do estado. Já se fala abertamente de estados insolventes. De grandes estados insolventes. E de estados insolventes no espaço euro.

P.S.: O CDS actual da Inglaterra é igual ao do Wachovia, banco que foi bailautado há 2 meses.


Lakme – Flower Duet


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Comentários

2 comentários a “CDS (II): continuação”

  1. Avatar de OVesgo
    OVesgo

    Desculpa la’, mas quem é que escreve, determina, inventa, esses tais números CDS?
    És tu? Algum jornalista? UM economista???
    Um gestor bancário? O Constâncio? Um chinês?
    – – –
    Não estou a ver bem, porque sou um pouco vesgo… mas parece-me que o CDS é mais uma treta para “explicar” o que se passou, sem nunca conseguir prever o que vai acontecer.

  2. Avatar de alex

    Assim que olhei para a cara da cantora que aparece no vídeo e pensei: “Será que este tipo arranjou o ‘Viens, Mallika’?”

    Há coisas assim…

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