Teve o Senhor Presidente da Junta de Freguesia da minha aldeia a ideia de instalar um mijarete para evitar os odores que se sentiam um pouco por todo o lado e principalmente junto da taberna central (de nome “Café Central”) lá na praça principal onde está o pelourinho e a igreja e tudo.
Ora logo se reuniu na Junta o povo para decidir da colocação do dito urinol e após horas de discussão e muitos rissóis e croquetes da D. Amélia foi decidida a constituição duma comissão de instalação para proceder a todas as acções necessárias à instalação desse monumento ao progresso. Após terem bebido todas as grades de cervejas cedidas pelo Café Central, foi ainda decidido que após a instalação do mijarete (digo urinol) seria proibido mijar noutro qualquer local (“excepto em casa” apressou-se a dizer o Manelinho que era estudante de advocacia e encarava um futuro político).
Desde logo surgiram vozes contrárias alegando a liberdade de se poder mijar onde bem quisermos, foram organizadas marchas com bandeiras negras e cor de mijo para marcar posição.
Entretanto a comissão concluiu que, para existir total transparência do processo e para calar a oposição, era necessária a constituição de sub-comissões para a avaliação e escolha do local da construção, outra para a conservação do local e ainda uma outra para a instalação das infraestruturas de apoio ao dito mijarete, ficando a comissão original encarregada do controlo e monitorização do processo no que seria assessorado por uma empresa consultora de nível internacional que se encarregaria de proceder a auditorias periódicas do processo.
Seguiu-se o habitual periodo de estudo e análise, o concurso público (impugnado várias vezes pelos concorrentes perdedores). A escolha do local foi também difícil. O terreno tinha que se plano e permeável, existiram as habituais acusações de favorecimento de amigos (em especial aos do partido ao qual pertencia o presidente da Junta), mas tudo foi ultrapassado.
E, ao fim de alguns anos foi erigido o mijarete. A taberna transformou-se em restaurante fino. O presidente da Junta já se reformou. Mas fica a obra.
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