o aval dos 1000 milhões

Conhecem aquele gajo lá na rua a quem ninguém emprestava dinheiro? Lembram-se do gajo que lhe emprestou? Já sabem como é que acaba esta história. Ninguém lhe emprestava porque o gajo era um caloteiro do caralho ou então não tinha mesmo e, como não tinha, também não tinha onde arranjar. Se algum papalvo lhe emprestava era isso mesmo, um papalvo. E toda a gente sabia que, como papalvo, ia ficar a arder. Nunca errámos nas previsões. Agora que somos mais velhos, erramos muito menos.

O BCP pediu 1000 milhões de contos ao estado. Desculpem, não pediu mil milhões de contos, pediu um aval de mil milhões de contos. O tal gajo lá da rua também dizia: “Desenrasca-me aí dinheiro para uma dose que eu pago-te no fim-de-semana. Dasse, não me digas que não confias em mim? Pago-te no fim-de-semana sem falta! Vale?”.

Os bancos usam o aval porque ninguém lhes empresta o dinheiro. Existem duas perspectivas relativamente a este assunto. A primeira perspectiva, governamental, é a de que ninguém empresta aos bancos mas devia emprestar. Não emprestam porque não conhecem a realidade dos bancos, que o estado sabe serem pessoas de bem e capazes de honrar os seus compromissos. Afinal é só uma questão de confiança, passageira portanto, e o banco pagará certamente o dinheiro ao estado. É a perspectiva do papalvo. A perspectiva de nosotros, é a de que os 1000 milhões de contos acabaram de ser dados aos porcos.

Vê-los!? Nunca mais!…

P.S.: O que o estado nos diz, no fundo, é que os detentores do dinheiro não emprestam dinheiro aos bancos porque são ignorantes, porque avaliam mal o risco. Presume-se pois que o estado é melhor do que os privados a avaliar o risco. Ora aí está uma coisa que o estado diz fazer melhor do que os privados. Após estes anos todos, quem diria? E com o pior ministro das finanças da UE (segundo o Finantial Times). Quem diria?

never ever




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Comentários

Um comentário a “o aval dos 1000 milhões”

  1. Avatar de alex

    Lá estás tu com os contos…

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