Viva o Português

Estava eu a tentar explicar o verbo ser e o estar a um italiano, quando percebi que isto era um bocado difícil de explicar
.

A wikipédia concorda comigo:
Another well-known example comes from the Portuguese or Spanish verbs ser and estar, both translatable as to be (see Romance copula). However, ser is used only with essence or nature, while estar is used with states or conditions. Sometimes this information is not very relevant for the meaning of the whole sentence and the translator will ignore it, whereas at other times it can be retrieved from the context. When none of these apply, the translator will usually use a paraphrase or simply add words that can convey that meaning. The following example comes from Portuguese:

“Não estou bonito, eu sou bonito.”
Literal translation: “I am not (apparently) handsome; I am (essentially) handsome.”
Adding words: “I am not handsome today; I am always handsome.”
Paraphrase: “I don’t just look handsome; I am handsome.”

A questão é que depois descobri outras coisas igualmente interessantes:

Em norueguês, farmor e farfar são os avós da parte do pai, e mormor e morfar são os avós da parte da mãe!

Em turco, há palavras diferentes para designar “o irmão da mãe”, “o irmão do pai”, ou “o marido da irmã de um dos pais” – o´que, para nós, é sempre “tio”.

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The distinction between maternal and paternal uncles has caused several mistranslations; for example, in Walt Disney’s DuckTales, Huey, Dewey, and Louie’s Uncle Scrooge was translated Roope-setä in Finnish (Paternal Uncle Robert) before it was known Scrooge was Donald’s maternal uncle. The proper translation would have been Roope-eno (Maternal Uncle Robert). Uncle Scrooge is “Farbror Joakim (Paternal Uncle Joachim) in Swedish.

Conversely, English is entirely lacking some grammatical categories. For example, there is no simple way in English to contrast Finnish kirjoittaa (continuing, corresponding to English to write) and kirjoitella (a regular frequentative, “to occasionally write short passages at a time”).

As línguas são assim.
É por isso que é incrivelmente estúpida e redutora esta ideia de que toda a investigação deve ser publicada em Inglês.
– – –
O império americano está em declínio? Não sei. Mas trocar as línguas por uma língua é mau, culturalmente redutor, castrante da imaginação e impeditivo do progresso.
– – –
Bora lançar um movimento cultural “Literacia para a América”. Neste movimento, cada europeu adopta uma criança americana em risco de subalimentação cultural, e faz com que ela aprenda outra língua que não a inglesa. Só isso.
Consegue-se assim que esta fique com uma janela para a realidade da vida, em lugar de um ecran para os preconceitos “made in Hollywood” .


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Comentários

Um comentário a “Viva o Português”

  1. Avatar de alex

    Essa história é muito estranha, pois em italiano existem os verbos essere e stare, que significam, literalmente, ser e estar.

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