Hoje comprei um colchão de látex. Pedi ao meu irmão para me ajudar a trazê-lo do carro para casa: foi uma aventura. Quarenta e dois quilos de uma coisa mole, a fazer lembrar gelatina, que caía, ora para um lado, ora para outro. Subir as escadas até ao meu andar foi um registo histórico.
Deitei fora o colchão antigo. Estava cheio de pelos de gato. Filho da puta: os pontapés que lhe dou no flanco nunca mais lhe destroem as vísceras. O colchão antigo, lá está, junto ao caixote do lixo: cheira a bolor a três metros de distância. Fi-lo há 15 anos atrás: todo em algodão, 100% algodão. Pasta de algodão no interior, encomendado a uma empresa do Norte que importava algodão puro do Egipto, pano cru no exterior, e fio grosso de algodão para prender a pasta de 25 em 25 cm.
O cheiro a bolor era tão intenso, e eu estou feito um capitalista do caralho, que decidi comprar um colchão ao invés de fazer um novo.
O Ernesto deve estar a dar voltas no túmulo, neste momento. Sou a vergonha da cara dele.
Deixe um comentário