Os insultos são parte integrante de qualquer língua. Cumprem uma função fundamental. Hostilizar verbalmente. A língua portuguesa não é excepção. Tem um número suficiente de insultos. Os insultos mais populares em portugal são quatro: paneleiro, cabrão, puta e filho da puta.
Todos têm qualquer coisa que ver com a vida sexual. Do próprio ou de outrém. Apenas dois correspondem a acções do próprio. Os outros transportam uma culpa de outrém para o visado. Violam pois um princípio elementar de justiça. Há também uma certa assimetria nos insultos. A homossexualidade feminina não é objecto de desconsideração. Das três acusações possíveis aos progenitores, apenas a putaria da mãe entra na lista dos insultos. Os maus comportamentos do pai não são invocados. Filho de um cabrão é um insulto caído em desuso. Por fim, a mulher a quem o marido pôs os paulitos não tem qualquer tipo de designação. É apenas uma mulher como as outras.
Os insultos são quase intemporais. De tal forma que mantêm uma certa inconsistência com o resto da vida social. A discriminação de homossexuais é politicamente incorrecta. Mas o insulto paneleiro está de pedra e cal. Poucos homens não terão levado já uma parelha. Mas o insulto cabrão está de boa saúde, a despeito da modernidade. Há meio século atrás, uma mulher que tivesse mais de 2 namorados levava com a etiqueta de puta. Hoje, para ser considerada puta tem que se esforçar muito mais. E, no entanto, o insulto puta e, sobretudo, a variante ganda puta, está de boa saúde.
Um insulto tem vida própria. Não é uma afirmação de facto sobre a vida sexual de ninguém. Tem um conteúdo simbólico. De facto, porque reconhecido pelas partes. É assim que cumpre a sua função.
Deixe um comentário