contratologia

A ideologia do contrato, contratismo, funciona em cascata: das recomendações das organizações internacionais, supranacionais, para o funcionamento do estado e daí para a vida dos cidadãos. Todos, sem excepção, os estados, as instituições, os cidadãos, os trabalhadores, as famílias, são envolvidos nesta rede de contratos com algo que lhes é superior. É uma rede de submissão, de legitimação de objectivos, porque afinal de conas aceites livremente, ou não fosse esse o significado de um contrato. É uma rede de contratos obrigatórios determinados superiormente. É uma rede que transforma todos em meros executantes de decisões tomadas em níveis ditos superiores. É pois uma rede de estupidificação de todos os que com ela entram em contacto.

No cerne desta rede ideológica estão organizações supranacionais que, de uma forma ou outra, se libertaram do jugo do voto: uma Organização Mundial do Comércio que impõe políticas, como as dos OGM, à revelia da população mundial; uma UE que escolheu um cherne para presidente da comissão europeia; um Banco Central Europeu que impõe aos estados da UE as metas independentemente do partido em que se vote; uma OCDE que se pronuncia sobre tudo, até sobre educação, servindo os seus juízos de legitimadores automáticos de políticas internas; uma Agência da Energia Atómica que até tem governadores, o que dá uma ideia da perspectiva que têm sobre o mundo; um secretariado de Bolonha, de legitimidade duvidosa e geometria variável, supranacional e supra-UE, que redesenha o ensino superior sem que os cidadãos sejam ouvidos; uma FIFA que impõe que os clubes não possam recorrer aos tribunais nacionais; um Tribunal de Penalties Internacional que se especializou em ex-governantes jugoslavos e governantes actuais que vendam petróleo aos chineses; etc…

O Comité Olímpico Internacional é mais uma destas instituições supranacionais. O COP é independente do estado. Essa é aliás uma das exigências do COI sobre os comités olímpicos de todos os países. Mas os contribuintes portugueses pagam o COP. Pagam mas não têm meios para decidir sobre ele. Pagam e não bufam, que é como se costuma dizer. Nos outros países é igual.


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Comentários

4 comentários a “contratologia”

  1. Avatar de escrotinador

    Afinal de conas lá voltaste ao activo. Por momentos pensei que tinhas abandonado a arte da escrita, mas afinal de conas enganei-me!

  2. Avatar de alex

    E o título da crónica muda com o vento. Estás a querer inventar um novo termo, como aquele gajo que inventou a mercadologia… Afinal de conas não é assim tão difícil.

  3. Avatar de ValeAz

    Indpenedentes só os bancos e (alguns) clubes de futebol, e o COI, claro, que é um coio como a UEFA e a FIFA.
    Mas não se peocupem.
    Como é sabido, o homem é o único animal que paga em dinheiro. odos os outros, mamalhudas incluídas, pagam com o corpo!

  4. Avatar de alex

    Onde é que se marca uma entrevista com a artista da foto?

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