A celulite nasceu em 1968. Na Vogue. A mesma Vogue que, juntamente com outras revistas femininas, beneficiaria da publicidade de produtos anti-celulíticos nas décadas seguintes. Celulite é gordura acumulada. Só ataca mulheres. A sério, no rabo. Eventualmente nas pernas. Os produtos para a celulite são ineficientes. Os gajos ligam pouco à celulite. Aquilo que para uma mulher é o fim do mundo celulítico é um não vejo aí nada para um homem normal. Na verdade, a celulite é sobretudo um problema entre elas. Nesse sentido, é um problema homossexual.
Homens e mulheres não usam as palavras com a mesma frequência. É o que dizem linguístas, psicólogos e antropólogos. Mas nenhuma palavra tem um diferencial tão grande de frequência de uso como celulite. Um homem médio usa a palavra celulite cerca de 2 vezes por ano. Uma mulher usa a palavra mais de 500 vezes por ano. São 250 vezes mais. Um record.
Quanto menos uma mulher tem celulite mais fala dela. As mulheres que têm celulite a sério, o que é realmente mau, não falam da celulite. Pode saber facilmente o nível de celulite de uma mulher, vestida, observando como ela se comporta quando ouve a palavra. Se a mulher nunca mais se calar com o tema, se elaborar ali um verdadeiro drama neurótico-celulítico, é porque não tem, a situação mais usual. Se disser 4 ou 5 palavras e depois mudar de assunto, é porque tem alguma. Provavelmente sente-se insegura com a publicidade mas está em boa forma. Se ela mudar de assunto, ou fizer piada sobre o assunto, é porque tem celulite a sério. Se ela fingir que não ouviu é pior, é provável que você esteja perante o cão do Cavaco Silva. Fuja.
As mulheres que não têm celulite passam o dia a falar daquilo. Sobretudo no verão. É uma estratégia reprodutora das macacas para chamar a atenção para os defeitos das outras gajas. É para dar cabo da concorrência. Se o leitor estiver na praia com uma gaja boa e ela vier com a história da celulite é provável que queira levar com ele. Se ela se virar de costas, olhar para si e disser “- Queres ver?” então é certo, quer levar com ele.
P.S.: O título do artigo é um bocado fraudulento, mas agora que chegou ao fim o leitor já não se lembra do que o trouxe aqui…
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