A única resposta do Governo à manifestação dos polícias foi aceitar a demissão do chefe da PSP.
Então passou a ser possível subir as escadarias do edifício do parlamento? Não há nada a dizer ou fazer sobre isso? Por exemplo, castigar os 8000 polícias envolvidos? Castigar os polícias que deveriam ter “defendido a democracia” e que não defenderam nada? Então e as bastonadas que costumam ser dadas nestes casos e que deixam os manifestantes a esvair-se em sangue até ao desfalecimento?
O Governo sai muito maltratado deste acontecimento.
Na história recente de Portugal, o povo não se tem manifestado de forma agressiva, e as manifestações não têm tido consequências imediatas, não são revoluções como a tomada da Bastilha na revolução francesa de 1789.
Na nossa história recente, foram os militares que fizeram o 25 de abril e os polícias que fizeram o 21 de novembro. Devemos esperar uma revolução conjunta das forças da ordem para restaurar a dignidade do povo, roubada por este Governo ao serviço do grande capital nacional e internacional?
Não ponho em causa a necessidade de reformas difíceis à nossa economia produtiva, que só será produtiva se for concorrencial face às demais, mas sim o processo pelo qual essa transformação deve ser feita. E nisso este Governo falhou, pois avançou pelo caminho mais simples da destruição da economia existente para que das ruínas emergisse uma outra economia mais robusta. E, embora esse método possa vir a ter sucesso no futuro, deixa o país e o povo muito maltratados no presente. O Governo encetou uma revolução ao estilo tradicional das ideologias de esquerda, destruir para começar tudo de novo, e havia, certamente, soluções menos dolorosas, mas que exigiam mais criatividade, mais empenho, mais saber, mais competência, competências que o Governo não tem.
Corolário:
“Este Governo fez uma espécie de destruição criativa: rebentou com tudo”
por Manuel Sobrinho: Manuel Sobrinho Simões é um dos cientistas mais conhecidos do país. Há quase 25 anos que o instituto que dirige, e fundou, é uma referência na investigação do cancro em Portugal.
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