A Grécia faliu. O chornal avisou. Vinte e quatro horas antes. O transmutante interrompeu 2 meses de silêncio para dizer que algo grande se estava a passar. Chornal sempre à frente.
Aqui, no chornal, a notícia completa. A Grécia propôs-se a uma redução de 90% da dívida. Fez-se pressão sobre credores, sobre agências de rating, sobre todos os envolvidos, para aceitarem a redução da dívida. A redução da dívida grega era baseada em instrumentos de legalidade duvidosa, os CAC, uma cena fraudulenta, criada um mês antes, que, retroactivamente, retirava direitos aos credores. A redução da dívida era coerciva e unilateral. Face a isso, esperava-se que os CDS fossem accionados, ou seja, que os seguros da dívida grega ficassem a pagamento.
Pagar os CDS é uma chatice. Ninguém sabe se as instituições aguentam pagá-lo. Não pagar os CDS é uma chatice maior. Se os CDS da Grécia não forem pagos, nunca mais ninguém irá acreditar em CDS. Ninguém está disposto a pagar por um seguro que afinal não paga quando o evento ocorre. Mas sem seguros de dívida, não há empréstimos. Ou seja, se os CDS da Grécia não forem pagos acabam-se os empréstimos para Portugal e para os outros. Por isso, o chornal avisou que estava a acontecer algo em grande, na verdade, algo muito maior do que a falência da Grécia.
A decisão de pagar ou não os CDS é tomada pelo Determinations Comitee da ISDA, uma comissão de 15 gajos. Optaram por decidir que os CDS fossem pagos. Os seguros pelo incumprimento da dívida grega estão a pagamento, ou seja, a ISDA decretou o incumprimento da Grécia, o default, a Grécia faliu.
P.S.: A Grécia faliu e ninguém sabe. Os merdia nada dizem. Vivemos numa Coreia do Norte. Antes, todos os dias os merdia falavam do risco da dívida da Grécia. Que subia, que descia, cu caralho. Antes, todos os dias os merdia falavam do preço dos seguros de dívida (CDS) da Grécia. Que subiam, que desciam, cu caralho. Agora que os seguros de dívida estão a pagamento porque o evento ocorreu ninguém fala do evento, ou seja, da falência. A falência já aconteceu e ninguém fala dela. É a mais inacreditável das não-notícias.
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