sobre o terrorismo de (E)estado

Conforme post anterior, o terrorismo de estado está na ordem do dia. Porque achamos que tem futuro, aqui publicamos um breve manual de terrorismo, ao serviço de quem dele precise. Para mais informação, ou para lições privadas, podem contactar-nos para private.com.

O terrorismo de estado é composto de 3 categorias maiores de terrorismo, a saber: o terrorismo social, o terrorismo fiscal e o terrorismo educativo. Devem ser praticados com convicção, sempre fundamentados em argumentação sólida. As argumentações mais recomendáveis para o terrorismo são a procura de justiça, a preversidade do adversário e a necessidade imperiosa de vitórias, mas outras podem ser utilizadas com bons resultados.

O terrorismo social inclui: a ameaça permanente de despedimento, com base em crises reais ou imaginárias, suportada na necessidade de competitividade ou na justiça de uma avaliação; a ameaça permanente à segurança fisica e aos bens de cidadãos, deixados à mercê de hordas de marginais; a ameaça à segurança física, face à eliminação de dispositivos que protegem a saúde dos cidadãos face à doença e aos acidentes, tais como hospitais, urgências e maternidades; a ameaça à intimidade, face à multiplicação de dispositivos, direitos e práticas violadoras da privacidade; e, também, a ameaça à liberdade de imprensa, tornada direito menor face a outros. É ainda incluível na categoria de terrorismo social: a ameaça de que a segurança social, que já nos cobrou o dinheiro e continua a cobrar pontualmente, afinal não vai poder cumprir os seus compromissos para connosco; o insucesso sistemático na prevenção dos incêndios; o incumprimento a mais de 100% dos prazos das grandes obras públicas; a derrapagem de mais de 10 milhões de contos nos custos de uma obra pública ou a saída de lugares de ministro para as empresas com quem se realizou contratos de mais de 10 milhões de contos. Finalmente, inclui-se ainda na categoria de terrorismo social a multiplicação de operações stop sempre que queremos ir de férias ou fds prolongado; a paragem de ambulâncias em marcha de urgência; e, ainda, a demonização de grupos sociais diversos como os condutores, os fumadores ou os consumidores de sacos de plástico.

O terrorismo fiscal é uma das faces mais visíveis do terrorismo de estado. Todas as semanas, com uma regularidade espantosa que se pode verificar no archive, um jornal publica qualquer coisa de terrorismo fiscal. São exemplos de terrorismo fiscal a diabolização do contribuinte, que como indivíduo, empresa, ou mesmo sector (construção civil), é apresentado e tratado como um malfeitor à beira de castigo eminente; o discurso justiceiro/arruaceiro dos responsáveis pela cobrança de impostos; o envio de correspondência ameaçadora a centenas de milhares de contribuintes; a criação de listas de faltosos que o não são; e, finalmente, a tentativa de cobrança de dívidas prescritas, de dívidas a defuntos há mais de uma dúzia de anos e de dívidas que já foram regularizadas ou nunca existiram. Não só da recolha fiscal vive o terrorismo fiscal. A obrigatoriedade de tacógrafos em camiões, que podem ser digitais, não tendo as autoridades leitores para os tacógrafos digitais, tem qualquer coisa de terrorismo intelectual, uma variante muito interessante. Dentro da mesma linha, mas mais interessante, é a obrigatoriedade de meios de alarme rádio em barcos de pesca, não havendo autoridades com receptores para esses pedidos de alarme. Actividades, como as da ASAE, se bem realizadas e bem promovidas nos media, podem contribuir para o clima geral de terror. Incluem-se nessa categoria: as afirmações de fechar 50% da restauração, que nós aqui no chornal recomendamos que se estenda a fechar 50% do turismo; a paragem forçada, à porta de Lisboa, dos milhares que pretendem ir trabalhar, com o pretexto de uma inspecção a viaturas; a fiscalização a discotecas que deviam ter exaustores para o tabaco, mas que não os podem ter porque ainda não existem exaustores homologados; e, finalmente, a heróica perseguição às colheres de pau.

O terrorismo educativo é essencialmente uma aposta no futuro. Estudante aterrorizado hoje é um cidadão de calças agachadas amanhã. Para tal, convém não só aterrorizar directamente o estudante, como de preferência criar à sua volta um ambiente misto de hostilidade e de subserviência aos poderes. Incluem-se no terrorismo educativo o fecho de escolas ou a ameaça de entrega da sua gestão a entidades endividadas, como as autarquias; o não cumprimento de objectivos mínimos de qualidade de ensino, ou mesmo de exercício de disciplina; a desestabilização do corpo docente; as avaliações realizadas por indivíduos ligados ao poder, com este coniventes ou à sua mercê; a míngua orçamental das universidades; o fecho e ameaça de fecho de centros de investigação; e, finalmente, os esquemas descredibilizadores da validade dos diplomas.

O estado terrorista tem por função primária alimentar os fluxos de dinheiro que favorecem as entidades que vivem na vizinhança do estado, de preferência à custa do cidadão. Isso inclui os construtores de grandes projectos, tais como Expos e Euros para os pacóvios, mas também aeroportos e TGVs; os detentores de créditos ao consumo(banca); de créditos ao estado, (veja-se aquela magnífica engenharia de vender as dívidas dos contribuintes a um banco criando compromissos para o estado), de monopólios (hipers e telecomunicações); e, finalmente, toda a horda de inúteis que grita nos comícios dos partidos do poder porque acha, e se calhar tem motivos para isso, que isso lhe proporcionará um chorudo lugarinho num ministério, na câmara, ou numa empresa pública.

São ainda consideradas manifestações de terrorismo de estado, e como tal proibidas pela carta das nações unidas, a utilização de apresentadoras de TV com as mamas descaídas, a publicitação de imagens públicas do penteado do Paulo Bento, todas as actividades da PT em geral e algumas em particular, como um telefone que tenho aqui em casa, que me custa 10 euros por mês mas não vale 1 euro porque faz a proeza de só funcionar quando lhe dá na gana.


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Comentários

4 comentários a “sobre o terrorismo de (E)estado”

  1. Avatar de alex

    Que belo manual…
    Ainda vais preso por incitares o Estado ao Terrorismo!

  2. Avatar de carnide
    carnide

    Ainda vais preso por dizeres as verdades acerca do estado. Onde foi que eu li que, de todas as mafias, o estado é a maior?

  3. Avatar de nick name
    nick name

    E ainda existe quem ponha em causa a teoria da evolução.

    Os detentores dos poder passaram da eliminação pura e simples (e física) da oposição à prevenção através do condicionamento mental e moral.

    Parafraseando: “E o terrorista sou eu? Nha nha nha!”

  4. Avatar de wildcard
    wildcard

    junte-se ao comentário do nick:

    Bourdieu
    http://en.wikipedia.org/wiki/Cultural_reproduction

    Illich
    http://fr.wikipedia.org/wiki/Ivan_Illich
    Deschooling Society

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