O discurso contra a imigração islâmica estava no auge. Há cerca de um mês, Merkel, Cameron e Sarkozy pronunciaram-se pelo fracasso das políticas de imigração europeia. Todos, na mesma semana. Um sincronismo notável. Querem livrar-se da imigração islâmica e não sabem como. Ironicamente, agora que estavam cheios de vontade de correr com a imigração islâmica, eis que ela aí vem mais forte do que nunca. O mundo é assim. Pouco depois de declararem publicamente que se queriam livrar deles, surge uma enxurrada.
Árabes. A dar às costas no sul da europa. O humanismo da UE partia do pressuposto de que os seus parceiros governantes do Magrebe praticavam uma política de contenção da emigração. Sem parceiros como o Kadafi a UE está em dificuldades. Em menos de nada, o discurso humanista da UE arrisca-se a colidir com a impossibilidade de receber milhões de magrebinos.
Árabes. A dar às costas no sul da europa. Um problema para os italianos. Um problema para os espanhóis. Mesmo aqui ao lado. Um problema para nós, se tivermos azar. A UE mobiliza-se, mas não sabe o que quer fazer. A UE reza para que a sul não se dê um descalabro. Perante a indefinição da UE, o único limite à imigração árabe é a pequena capacidade logística das embarcações.
Enquanto isso, portugal desliga todos os radares que vigiam a sua costa. Estão assim, desligados, desde há alguns meses. Se os arábes descobrem, temos finalmente a república islâmica do al-gharb. Dizem-nos que a vigilância por radar foi substituída temporariamente pelos clássicos binóculos. Aparentemente, podemos ficar descansados. Enquanto o leitor lê estas linhas, olhos atentos vigiam as costas do al-gharb à procura de movimentações suspeitas.
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