Hoje fiz greve: não cortei a barba.
De resto, trabalhei como todos os revolucionários deste país. Ainda mais que o usual. Quando às 6:30 da manhã me meti no carro para enfrentar as filas de trânsito, já o nosso Sindicalista Maior, o Sr. Carvalho da Silva, estava a trabalhar. Ouvi-o, na rádio, a discursar às portas da Auto-Europa, a fazer a apologia da greve geral.
“Se faço greve? Não. Faço hoje o que faço todos os dias: lutar pelos trabalhadores. A greve é para os outros.” disse Carvalho da Silva nas entrelinhas.
E quando o jornalista lhe perguntou o que esperava conseguir com esta greve, o Carvalho da Silva engasgou-se (o que não é muito comum), mas uns minutos depois lá conseguiu alinhar as ideias e, a medo, com medo de mentir, lá disse que esperava alguns recuos, por parte do Governo, nas reduções salarias e nos benefícios sociais…
Se a greve ajudasse a ganhar mais dinheiro, se aumentasse a produtividade do país, se melhorasse as nossas condições de vida, até eu fazia greve. Mas a gente olha para Leste, lá bem para de onde o sol nasce, e os ventos do Império do Meio dizem-nos o contrário: nem greves, nem fins de semana, nem menos que 16h de trabalho diárias, nem um mês de férias anuais, nada… Bem… 3 dias de férias por ano. É suficiente para reganhar o ânimo para um novo ano de trabalho. É assim que se melhoram as condições de vida… se não as nossas, pelo menos as dos nossos filhos. A China vai ser a maior potência mundial dentro de 15 anos. Indubitavelmente. E todos os chineses vão depois usufruir disso. Trabalham agora, usufruem depois.
Isto não vai lá com greves. Só greves à barba!
Deixe um comentário