uns gozões

Pingo Doce. Gozam com a nossa cara. Maçãs a 300 e a 340 escudos. Preços de assalto. O consumidor é assaltado. Com maçãs vindas da Nova Zelândia, da África do Sul, da Argentina e da China. Para que a Jerónimo Martins e a Sonae dividam entre si os lucros da globalização.

É a globalização. O consumidor perde. O agricultor perde. A economia perde. O país nada produz. Ganham os que se apropriam duma margem usurária. Os nossos agricultores não conseguem competir. Não conseguem produzir a preços suficientemente baixos. Mas os preços são estes.

Maçãs que vêm de avião. Milhares de km de poluição. Depois dizem-nos para andar de transportes públicos. E que há que pagar estacionamento para desmotivar a utilização do automóvel. Gozam com a nossa cara.

À saída do Pingo Doce fazem-nos pagar o saco de plástico das compras. Dizem-nos que é pelo ambiente. Para nos educarem. Fartam-se de gozar. Com os consumidores, com os gajos que lá deixam o dinheiro. Não compreendemos. Ou, pelo menos, há algo em nós que não compreende. Há uma parte de nós que acha que já merece um pedido de desculpas.


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Comentários

Um comentário a “uns gozões”

  1. Avatar de Zuruspa
    Zuruspa

    Se o povo näo comprar, e a fruta lhes apodrecer nas estantes eles mudam de fornecedor. Simples. REVOLTEM-SE!

    O interessante é que as pêras aqui na Frioländia vêm de Itália, mas numa loja da mesma cadeia em Itália vêm… da América do Sul!!! Mequé?

    Isto quer dizer, quiçá, que os agricultores do sul da Europa estäo e teräo de vender ao norte da Europa, só aí conseguem competir no preço. No fim seräo os agricultores do norte da Europa a ser lixados, mas é a vida. Produzam algo que mais ninguém tem, em vez de tomate de estufa (por exemplo) que consegue o triplo da pegada ecológica–e 0,000001 do gosto, imaginem) do tomate espanhol, mesmo contando com o transporte. Exactamente. Assim estamos.

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