a história da guilhermina

Esta é a história da Guilhermina e do Manuel Cartaxo. Uma história verdadeira. Uma história antiga, de mais de meio século. Uma história de sexo. Vinda de uma sociedade em que a sexualidade era reprimida. Em que a sexualidade era obscena. Em que a sexualidade era encoberta. Em que a informação sobre a sexualidade era recusada, sobretudo às mulheres.

De uma sociedade assim, com um défice de informação sobre a sexualidade, tudo seria de esperar. Mais que tudo, na verdade. Apesar da ignorância, as raparigas sabiam o fundamental. Sabiam que os homens se punham em cima das mulheres e que elas, por isso, emprenhavam. Saber isso era suficiente, ou, pelo menos, parecia ser. Isso até ao dia em que a Guilhermina conheceu o Manuel Cartaxo.

A Guilhermina era uma mulher inteligente, apesar de inexperiente como a maioria das mulheres por esse tempo. Por um motivo qualquer, resolveu tirar desaforo com o Manuel Cartaxo. Ninguém sabe o que ele lhe terá feito, mas a Guilhermina resolveu vingar-se. Feita a vingança, a Guilhermina resolveu contar a toda a gente da aldeia. E vinha ela pelo meio da rua, com os olhos brilhantes de satisfação, cantando para todos ouvirem: “T´ra-la-lá, lá-lá. Emprenhei o Manuel Cartaxo. Eu fiquei por cima e ele por baixo.”

P.S.: Maio de 2010. O mês em que o BCE fez uma intervenção nos mercados. Para manter o preço da dívida. Comprando dívidas. Aos especuladores. Que as venderam. Sem que o preço baixasse. Grande vitória do BCE. Sobre os especuladores. O chornal tem uma notícia de última hora: a Guilhermina emprenhou o Manuel Cartaxo. Mais uma vez. O Manuel Cartaxo geme. Com ele todo enfiado na Guilhermina. Ain, Ain…


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Comentários

3 comentários a “a história da guilhermina”

  1. Avatar de alex

    Só por curiosidade, há meio século ouves tu essa história, porque essa história já tem mais de um século

  2. Avatar de alex

    Mas já agora, com o entusiasmo com que estás a contar a história da Europa Guilermínica, deixas passar a ideia de que a Europa meteu água ao comprar as dívidas dos seus, e de que os grandes comilões americanos, donos do mundo financeiro, emprenharam a Europa…

    Mas enganas-te, porque a Europa compra estas dívidas com divisas estrangeiras, mas depois põe as rotativas a trabalhar e exporta euros como os americanos têm exportado dólares nos últimos 40 anos. Equilibra as finanças internas, reforça a credibilidade na moeda e depois é só fazer dinheiro. Até tu o podes fazer em casa e vender para o Irão e para a China.

  3. Avatar de generalcuster
    generalcuster

    Está na hora de, patrioticamente, pormos as impressoras a trabalhar.
    🙂

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