Agências de rating. Encontrei-as aqui há uma dúzia de anos. Um gajo ligado a uma apresentou-nos um relatório com os países de maior risco. Surpresa, ali estava a Guiné. Nada acontecia na Guiné há décadas. E ali estava a Guiné como país de elevado nível de instabilidade. Pareceu-me que aquilo dos ratings era uma ciência de merda. Quinze dias depois houve um golpe de estado na Guiné.
As agências de rating sabem. Sabem muito. Sabem tanto que não podem ser agências de rating. Para saber tanto assim há que estar em todo o mundo. Só as missões diplomáticas e os serviços secretos estão em tantos sítios assim. Portanto que sabem, sabem. O que fazem com o que sabem é outra coisa.
O que se pode fazer em relação às agências de rating? Agora que estão em cima de nós. Nesta altura, pouco. Pode-se fazer o que disse o Louçã. O mesmo que a Merkel disse quinze dias depois. Criar uma agência de rating europeia. Serve de muito? Não serve de nada. Uma agência de rating europeia não se faz no prazo dos pudins instantâneos. Muito menos uma credível. O prazo de que alguns países da UE dispõem é de semanas.
Ontem um gajo supostamente com responsabilidades foi para a assembleia da república dizer que se devia pôr as agências de rating em tribunal [1][2]. Um radical. Daqueles que dizem em público o que não se pode. Um daqueles que o PCP e o BE não têm. Não se via um discurso daqueles desde o PREC. Chama-se a isto estar a pedi-las. Fiquei a pensar se as agências iam responder. Por retaliação. Ou por considerarem que um país que tem responsáveis assim é uma Venezuela. Hoje mesmo o risco da dívida passou para os 30%. [3][4]
P.S.: Os distraídos pensam que os 30% significam que existe 30% de probabilidades de não conseguirmos pagar a dívida. E que isso não vai acontecer porque a UE intervém. Não é nada disso. Nos 30% já está contabilizada também a probabilidade de a UE intervir em nosso favor. As agências contabilizam o risco político. Bem ou mal, isso é outra coisa.
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