A estratégia é uma disciplina como as outras. Ensina-se e não tem muitos segredos. Desgraçadamente é uma das disciplinas mais maltratadas. Existem disciplinas que têm o fado de atrair pessoas interessantes e capazes. E outras, como a estratégia, que não.
A estratégia atrai indivíduos que acham que com uma grande ideia resolvem a realidade conquistando vantagens competitivas decisivas. As soluções estratégicas resultam facilmente na promessa mágica de vitória sem esforço. Atraem por isso os preguiçosos e os inúteis. Tal como a tecnologia. Tal como a criatividade. Tudo se resolve num grande momento de iluminação do estratega. Uma coisa que apela aos megalómanos e aos lunáticos. A estratégia, como disciplina, tende a desvalorizar os esforços diários. Apenas acreditam em soluções estratégicas os inexperientes e os que não aprendem com a experiência.
Perante a crise do país, não podia faltar quem nos trouxesse soluções. Estratégicas, claro. Quais são as soluções estratégicas que se fazem ouvir nos media? O que nos tem trazido o espesso? O governo pede internacionalização do sector da agricultura e da agro-pecuária. Minas de lítio, o petróleo português, associado aos carros eléctricos. E, last but not the least, cavaco diz que o mar e indústrias criativas são a nova oportunidade para o país. Ora aí está uma estratégia. Quanto à criatividade, não conhecemos nenhum país com mais de 3 habitantes que se alimente disso. Resta o mar. Cavaco acaba de descobrir o mar, uma opção estratégica.
P.S.: Com menos de um mês para resolver o problema do incumprimento da dívida, estas estratégias não passam de um chorrilho de disparates. Não têm qualquer efeito no prazo de um mês. Nem estas nem outras. A estratégia é uma disciplina que atrai os desligados da realidade.
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