Naquele que é um dos maiores escândalos do país real, descobriu-se agora que o ordenado mínimo é hoje inferior ao de 1974, ano da revolução. Esta sim, é uma verdade inconveniente. São 25 anos perdidos. Um quarto de século às arrecuas.
Após décadas de convergência com a UE. Após milhões de subsídios supostamente direccionados ao desenvolvimento. Após décadas de governos apostados em reduzir as desigualdades. Após um salto nas habilitações dos portugueses. Após isso tudo, o ordenado mínimo é hoje menos do que há 25 anos.
O combate à desigualdade era uma das propostas óbvias de Abril. Nas moedinhas surgiu logo escrito “liberdade, igualdade, fraternidade”. A desigualdade, no entanto, aumentou ao longo de 25 anos. É o fracasso da democracia. De uma democracia que nunca o foi. Uma democracia em que os nomes das famílias governantes são os mesmos do fascismo. Só podia dar no que deu.
Passados 25 anos, num país em que agora abundam Mercedes e BMWs, num país em que agora muitos têm duas casas, o ordenado mínimo é inferior ao de 1974. É o trabalho colectivo de um conjunto de estupores que não fizeram nada de jeito. Merecem um reconhecimento pelo que (não) fizeram. Merecem uma estátua.
P.S.: Li algures que se não fosse pela intervenção do governo o salário mínimo atingiria actualmente 41% dos portugueses. Um salário que é mínimo no valor e máximo na abrangência. Daí que a crise económica do último ano tenha redundado numa quebra de 30% no consumo de pão.
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